Granada é um dos principais destinos turísticos da Espanha, e na minha opinião, o mais bonito. Grande parte do apelo da cidade vem de seu principal ponto turístico: a Alhambra. Em 2016, chegou ao recorde histórico de visitas. Mais de 2,600,000 pessoas passaram pelo complexo de origem árabe que data do século IX. A cidade fica no sul do País, na região da Andaluzia, que esteve sob o domínio árabe desde o século VIII, e por lá permaneceu por 8 séculos. A influência de todo esse período é fortemente sentido na arquitetura de toda a região, em especial em Granada.
O Complexo da Alhambra
Sem dúvida a Alhambra é o ponto alto (em todos os sentidos) da cidade. Trata-se de um complexo palaciano e fortaleza que funcionou como residência de monarcas durante o domínio árabe. Visitar Granada requer uma passada obrigatória pela Alhambra, por isso certifique-se de reservar seu bilhete com antecedência. As visitas ao local são limitadas, e corre-se o risco de não conseguir entrar se deixar para última hora para comprar seu bilhete.
Granada é muito mais do que a Alhambra:
1. Albaicín
Na colina oposta à Alhambra (e com maravilhosas vistas para ela) está Albaicín, antigo bairro árabe. É a parte mais antiga da cidade, com as típicas casinhas brancas, ruas estreitas e belos carmens. É como eles chamam as casas típicas de lá, geralmente com belos jardins. Muitos são bares ou restaurantes, de onde se pode comer ou beber algo apreciando a bela vista.
Por falar em comer, você já deve ter ouvido falar das famosas tapas espanholas, aquela variedade infinita de tira-gostos típicos do país. Pois aqui elas encontram sua expressão máxima. Isto porque há muitas cidades na Espanha, em especial no sul do país, em que as tapas são um verdadeiro fenômeno cultural. Pois Granada é um destes lugares. A graça está em pedir uma bebida em qualquer destes bares, e ser servido uma porção de tapas (de graça!). O legal é ir caminhando pela cidade, aproveitando os diferentes pontos com vistas espetaculares para a Alhambra, e fazendo os pit stops para se refrescar. Cada lugar tem sua própria variedade de tapas e você vai experimentando todas!
Um dos pontos altos mais bacanas do bairro de Albaicín, é o Mirador de San Nicolas. Bem no alto do bairro, tem a melhor vista da Alhambra. É local para admirar o por do sol e conseguir as melhores imagens do principal ponto turístico da cidade. Na pracinha do Mirador, tem a Igreja de San Nicolas. É uma paróquia bem simples, mas é possível subir até a torre e ter uma vista ainda mais alta da cidade. Ao lado fica a mesquita de Granada, com belos jardins em seu pátio interior.
2. Bairro de Sacromonte
Outro bairro tradicional de Granada é Sacromonte. Com as casas instaladas em grutas (verdadeiras cavernas), é um local bem pitoresco. Tradicionalmente é conhecido como bairro cigano, e há muitos lugares onde se pode assistir a apresentações de flamenco. O local também tem sua história própria. Diz-se que foi formado a partir do século XVI, com a população judia e muçulmana que foi expulsa de suas casas após a reconquista. Se programar para assistir a uma apresentação de flamenco em Sacromonte é uma boa idéia.
3.Centro histórico e Catedral
A Alhambra e os bairros tradicionais de Albaicín e Sacromonte seriam motivos suficientes para conhecer a cidade. Mas o encanto de Granada se espalha por todo o lugar. No centro histórico, tem a imponente Catedral. Bem ao lado, fica a Capilla Real, onde estão os restos mortais dos Reis Católicos, importantes monarcas do país, responsáveis pela construção do reino espanhol.
Saindo da Catedral, pode-se caminhar pela Carrera del Darro – bem no meio do vale – com a Alhambra a direita, e o bairro de Albaicín à esquerda. Passa-se pela Plaza de Santa Ana, que tem a igreja de San Gil e Santa Ana. Segue-se margeando o Rio Darro até o Paseo de los Tristes, onde tem uma bela esplanada para apreciar umas tapas com mais uma bela vista da Alhambra.
4. Presença Árabe
Toda essa ligação com o passado árabe é explorada na cidade. Há muitos lugares para se comer comida árabe, além das famosas teterias, as casas de chás no estilo do norte da África. Juntamente com os detalhes árabes na arquitetura da cidade, os restaurantes, casas de chás e lojas no estilo, acabam deixando a cidade com uma personalidade própria, sem é claro, fugir da forte cultura espanhola.
Quando e como ir?
Granada pode ser muito quente no verão, o que dificulta muito os passeios pela tarde. Por isso, o melhor seria tentar evitar os meses mais quentes, de julho e agosto. Apesar de não ser uma cidade muito grande, seria uma pena deixar pouco tempo para conhece-la. Uns 3 dias seriam suficientes para ver tudo com calma, e aproveitar bem a cidade. Como fica na região da Andaluzia, pode ser facilmente encaixada em um roteiro junto a outras belíssimas cidades da região, como Córdoba e Sevilha. A cidade tem um pequeno aeroporto com vôos diários de Madri, mas o ideal mesmo é percorrer toda a região da Andaluzia. Tem boas conexões entre as principais cidades de ônibus, e também se pode alugar um carro para conhecer as pequenas vilas do interior.
Sobre o autor: Nuno Coimbra Mesquita é amante de vistas. Do alto se enxerga mais longe, se aprecia a paisagem e refazem-se os planos. Numa vida passada foi cientista político, com doutorado pela Universidade de São Paulo.
Excelente matéria. Que tour maravilhoso. Vi a Plaza de Santa Ana, que, segundo minha avó, foi de onde foi tirado o nome dela. Vou mostrar para ela. Ela vai amar! Obrigada!
Obrigado, Cíntia! O lugar é realmente lindo, espero que sua avó goste!