*Zuleica Coimbra Mesquita, especial para o Blog
Coimbra, velha cidade, vem de Conímbriga, uma povoação da “Era do Cobre”. A arqueológica Conímbriga dista apenas 17 km de Coimbra. Em Coimbra, segundo algumas versões históricas, nasceu D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal.
Na Igreja de Santa Cruz, foi sepultado. Caminhar pelas ruas de Coimbra é encontrar nosso passado ancestral em cada beco, em cada arco medieval, em cada velho sobrado, torre de igreja, ou lojinha obscura a vender quinquilharias.
Lá de cima, do topo da colina, a velha Universidade, fundada em 1290, olha a cidade que se esparrama a seus pés, descendo íngremes ladeiras num labirinto de vielas que continuam depois, na baixa, nas proximidades da ponte do Rio Mondego. Jovens estudantes ruidosos, em suas capas pretas, quebram a sisudez dos pesados edifícios da velha escola. No pátio central, jovens calouros enfrentam trotes impingidos pelos veteranos.
Descendo a ladeira, lá embaixo, o Rio Mondego corre manso, ladeado por plátanos gigantescos, cujas folhas amarelecidas pelo outono forram como tapete, os caminhos do parque. Pessoas caminham pelas alamedas no fim da tarde. Namorados conversam nos bancos às margens do rio. Alguns turistas fotografam a paisagem numa infindável sessão de clicks, à busca da imagem perfeita.
Eu me pergunto: que vim fazer aqui, tão longe cruzando o mar? Rever a face enrugada dessa cidade tão velhinha, por quê? Vim porque tinha que vir. Forças como ventos fortes nos impulsionam à revelia de nossa própria vontade. Quando não encontramos o caminho, o caminho nos encontra. Então, basta acertar o passo. Sinto a estranha sensação de que Coimbra mora em meu DNA desde as entranhas paternas. Coimbra teria sido a cidade natal de meu bisavozinho? Quem sabe uma sementinha da cidade chegou a mim levada por alguma nau de aventureiros, navio de imigrantes ou à bordo da maluca comitiva de D. João VI e Carlota Joaquina?
Coimbra… minha avozinha…
Sobre a autora: Zuleica Coimbra Mesquita ama viagens. Mais do que visitar monumentos explorados nas rotas turísticas, procura afundar-se pelos becos e ladeiras das cidades que visita, em busca de captar o espírito do lugar, a alma do povo.